sábado, 29 de fevereiro de 2020

VIDA DE MARIA DE NAZARÉ






"Maria é a figura feminina mais reverenciada 
da história da humanidade. 
Mas muito pouco se sabe sobre ela. 
envolta em mistério.
Sabe-se que ela era uma dona-de-casa judia 
que morava na vila de Nazaré, na Galileia, 
povoado colonizado pelos romanos. 
Criava galinhas no fundo do quintal e acordava 
com o barulho delas, ainda de madrugada, 
para iniciar suas atividades domésticas. 
Vivia em condições muito simples. 
Dormia em uma esteira, num chão de terra batida 
sobre a palha, numa casa que cheirava a óleo 
queimado, proveniente de uma lamparina 
que ela mantinha acesa, acomodada em uma 
cavidade na parede. 
Vestia o mesmo traje, independentemente da ocasião: 
uma túnica de linho, com a qual realizava 
seus afazeres ou saía para alguma atividade,
sem esquecer de colocar o véu, em respeito ao marido. 
Era uma mãe zelosa e dedicada que sempre tentou 
manter o filho próximo de si. 
Durante a infância de Jesus, gostava que o garoto 
ajudasse o pai, José, na oficina. 
Caso não houvesse trabalho, ela recrutava 
a criança para ajudar nas tarefas domésticas, 
como fazer farinha de cevada, buscar água na fonte 
e limpar a casa, que só tinha um cômodo. 
Apesar de nunca esquecer que estava criando 
o filho de Deus, o Messias, nascido para salvar 
os homens, ela não se intimidava em recriminá-lo. 
E o fez diversas vezes durante toda a sua vida. 
Ralhava em público com o menino, principalmente 
depois que ele desenvolveu o hábito de dar umas 
escapadas para o templo, a partir dos 12 anos. 
Mais tarde, quando o rebento já tinha 30 anos, 
o intimou a providenciar alimento e bebida 
que haviam acabado durante um casamento, 
num dos episódios mais conhecidos do cristianismo, 
o primeiro milagre, das bodas de Caná da Galileia. 
Também há relatos de discussões entre mãe e filho, 
quando Jesus era jovem e ainda não havia 
saído em pregação. 
Num primeiro momento, ele se levantava e saía, 
deixando a mãe falando sozinha, 
mas Maria o chamava aos gritos e ele voltava atrás.
Como esposa, era uma mulher submissa, como todas 
de sua época. Casou-se aos 12 anos com José, 
um carpinteiro muito mais velho do que ela.
Acordava mais cedo do que ele para fazer seu ritual 
diário de higiene esfregar rosto e cabelos com óleo
e fazer tranças no cabelo, mas fazia de tudo para
não incomodá-lo com seu barulho. 
Quando, finalmente, ele despertava, dobrava a esteira 
onde ele havia dormido e aguardava, silenciosa, 
o marido fazer as orações com Jesus, ritual 
que costumava demorar cerca de 20 minutos.
Depois que ele seguia para o trabalho, 
iniciava uma pesada rotina doméstica – varrer, 
limpar, cozinhar. 
Era tudo calculado, para não atrasar a primeira 
refeição do dia, um pão com legume ou peixe. 
No almoço, estendia a esteira para que marido 
e filho se sentassem, mas não se alimentava com eles. 
Ficava em pé, esperando.
Esteve ao lado de José durante toda a vida dele,
mas estudiosos presumem que ele tenha morrido bem 
antes dela e nem tenha presenciado as pregações do filho. 
Para tentar reconstruir os passos de Nossa Senhora, pesquisadores buscam informações na Bíblia, em estudos históricos da política, dos costumes regionais, da religiosidade 
e da vida privada dos judeus, e nos evangelhos apócrifos, 
que nada mais são do que relatos extra-oficiais da vida 
dos primeiros cristãos.
Nenhum apócrifo foi dedicado exclusivamente a Maria, 
mas o de Thiago dá detalhes de sua vida que não constam 
em nenhum dos textos aceitos pela Igreja 
Católica como oficiais. 
Nele, a história da mãe de Jesus é contada desde sua 
concepção até o parto do futuro Messias, em Belém. 
Lá também estão os nomes dos pais de Maria, 
Ana e Joaquim, reconhecidos pela Igreja como 
informação verídica (tanto que os dois viraram santos). 
Ficção para uns, realidade para outros, eles pouco 
ajudam na hora de tentar elucidar algumas fases 
da vida de Maria. 
Praticamente nada se sabe sobre a infância dela, 
por exemplo. 
Apenas indicações de que pertencia a uma família
de classe média, filha única de um casal que já havia 
perdido as esperanças de ter filhos. 
Também há indicações de que ela tenha passado grande 
parte da infância em templos. 
Era uma menina religiosa e devotada, 
muito ligada à família. 
Apesar do comportamento doce e generoso que 
ela demonstrou ter desde a infância e que a acompanhou durante toda sua vida, Maria também foi uma mulher 
atuante e participativa. 
Quando Jesus, aos 30 anos, decidiu sair em pregação 
e revelar ao povo que era o filho de Deus, ela continuou 
muito próxima dele.
Costumava dar conselhos e broncas, mas também 
tratava de estimulá-lo nos momentos mais difíceis, 
quando ele desanimava, sentia medo ou dor. 
"Ela acreditava piamente em tudo o que ele falava 
e queria ajudá-lo em sua missão",virgem durante 
toda sua vida. 
Para isso, apontam trechos nos evangelhos de Lucas 
e Marcos que falam sobre os irmãos de Jesus, 
entre outras evidências. 
Muitos especialistas também se recusam a acreditar 
no dogma da concepção imaculada, estabelecido 
pelo papa Pio IX, em 1854, segundo o qual Nossa 
Senhora não só se manteve pura como foi concebida 
assim, tendo ficado livre do pecado original. 
Terreno pantanoso, onde, de um lado, há os 
que analisam os fatos a partir da fé, e de outro, 
os que usam apenas a razão para entender a história. 
Unanimidade entre os estudos dos evangelhos 
canônicos e apócrifos, dos levantamentos históricos 
e das pesquisas acadêmicas é a percepção simultânea 
de grandeza e humildade na personalidade de Maria. 
E é na descrição de seu cotidiano prosaico que reside 
toda a riqueza dessa figura religiosa e histórica, 
pois isso rediz a teóloga Lina Boff, professora 
da Pontifícia Universidade Católica 
(PUC) do Rio de Janeiro. 
Era uma mãe na sua plenitude, como todas as outras 
mulheres do povo. 
Permaneceu ao lado do filho quando 
ele agonizou na cruz. 
E continuou fiel às suas palavras, sem temer 
as perseguições. 
Era tão importante e respeitada entre os primeiros 
cristãos que estava presente no dia de Pentecostes, 
ao lado dos apóstolos, nesta que é considerada 
oficialmente como a data de início do cristianismo. 
Não se sabe por quanto tempo Maria viveu, mas há 
outro dogma estabelecido pela Igreja Católica 
(papa Pio XII, em 1950), que afirma que seu corpo 
ascendeu aos céus. 
Assim como há mistérios que envolvem a vida de 
Nossa Senhora, há também muita polêmica. 
Contrariando o discurso oficial católico, 
muitos estudiosos garantem que ela teve outros filhos 
com José e, portanto, não permaneceu força seu vínculo 
com a cansativa realidade vivida pela maioria de seus devotos. "Maria é uma pessoa que, como nós, não nasceu pronta. 
Ela aprende e amadurece. 
E é na humanidade dela que a gente descobre todas 
as suas qualidades", resume Afonso Murad, 
professor de teologia no Instituto Teológico do Estado 
de São Paulo. 
Assim, tornou-se um modelo atemporal de qualidades 
ao alcance dos homens. 
Independentemente de suas crenças". 
Extraído da internet