sexta-feira, 19 de junho de 2015

AS SETE ALEGRIAS DE MARIA







A tradição cristã forjou, no correr dos séculos, 
a imagem das “7 dores” e “7 alegrias” de Maria. 
O número 7 é inspirador. Evoca perfeição, completude. 
O sete evoca dois símbolos: 3 + 4. 
Para nós, o “três” sinaliza a unidade na diversidade
 (a trindade), enquanto que o quatro faz lembrar a
 abrangência do mundo e os quatro elementos básicos 
(água, terra, energia, ar). 
Felizmente, não existe nenhuma definição sobre o 
número e a denominação das dores 
e das alegrias de Maria. Portanto, a tradição 
viva da Igreja pode modificar, com liberdade, esta lista.
Há uma conjugação bela entre “dores” (ou tristezas) e “alegrias”. Todo ser humano, na medida em que faz 
uma opção de vida e persevera nela, enfrenta oposição
 e passa por dificuldades.
 Assim aconteceu também com Maria. 
Por outro lado, quem escolhe o caminho do Bem,
 mesmo que siga um caminho pedregoso, experimenta
 belos momentos de consolo, prazer, contentamento e confirmação interior. A pessoa, que se faz aprendiz da vida, aprende tanto com as alegrias quanto com as dores.
No entanto, a tradição católica deu muito mais ênfase às
 dores de Maria do que às suas alegrias. 
É momento de resgatar com intensidade as suas alegrias. 
A partir dos Evangelhos, lidos com o olhar de hoje, podemos identificar ao menos sete alegrias de Maria.

(1) O contentamento na anunciação (Lc 1,26): 
A primeira palavra dirigida a Maria é exatamente esta. 
O anjo de Deus a convida a alegrar-se em Deus.
 Aliás, todo o relato da infância em Lucas está encharcada
 por este sentimento de alegria. 
Quando o messias vem, o povo se alegra.
 Maria prova uma imensa alegria ao receber 
o convite de Deus. Sente-se de fato agraciada e envolvida
 num convite encantador.

(2) A alegria do encontro com Isabel: Maria se dirige 
às pressas para visitar sua parenta. 
Quando se encontram, Isabel é tomada de euforia. 
Proclama que Maria é “bendita entre as mulheres”, 
título no qual ecoa a participação de Maria no projeto 
salvífico de Deus. Que cena linda a ser contemplada: 
o encontro das duas mulheres, o cuidado cotidiano
 de uma com a outra, os sonhos e as esperanças em torno 
ao filho que vai nascer. Maria experimenta a alegria
 de ser missionária, de partilhar seu tempo e suas energias
 com alguém que necessita de proteção e ajuda.
 De fato, há mais alegria em dar do que em receber!

(3) O cântico alegre de Maria: Lucas coloca nos lábios 
do Maria um belo cântico, durante a visita a Isabel. 
Este canto de louvor de Maria foi chamado de “Magnificat”, primeira palavra da sua tradução latina, que significa “engrandecer”, ou “cantar as maravilhas”. 
Maria está cheia do Espírito Santo e proclama as 
grandezas de Deus na sua história pessoal e na história 
de seu povo. 
É um cântico de alegria e de consciência profética. 
Maria nos ensina a exercitar a ação de graças,
 a reconhecer e a proclamar com alegria os sinais de
 Deus na existência pessoal e nas práticas coletivas.

(4) O nascimento de Jesus: Lucas nos diz que o
 nascimento de Jesus foi motivo de alegria
 para todo o povo, a começar dos mais pobres, 
representados pelos pastores. 
Há alegria no céu e na terra!
 Todas as pessoas do Bem sentem-se amados por Deus,
 no momento em que o Filho assume a natureza humana.
 Maria participa desta alegria de maneira única, como protagonista. Ela é a mãe do filho de Deus encarnado.
 Gerou, gestou e deu à luz à Jesus. 
O natal é festa de alegria!

(5) Alegria na missão de Jesus: Pouca gente descobriu
 este contentamento especial que Maria provou, ao ver
 seu filho anunciar o Reino de Deus, curar os doentes,
 acolher os pobre e marginalizados, formar os discípulos 
e discípulas. Esta alegria não está descrita nos evangelhos,
 a não ser na cena de Caná. Maria e os discípulos 
experimentam um imenso prazer, quando percebem que 
Jesus é o vinho novo! Ele realiza as grandes esperanças 
de seu povo. Quanta alegria Maria viveu, ao acompanhar
 a missão de seu filho, como a perfeita discípula!

(6) Euforia da ressurreição: Depois de viver a decepcionante
 e trágica experiência da morte de Cruz, Maria
 e os seguidores de Jesus provaram uma alegria sem par. 
Jesus está vivo! Ele nos dá a paz. Ele venceu a morte!
 A ressurreição fez a comunidade de Jesus compreender
 que este Homem de Nazaré é o Filho de Deus! 
Com este novo olhar, compreenderam tantas coisas que 
Jesus fez e disse. Maria participa da ressurreição de Jesus 
de forma original: refaz lembranças, ilumina fatos,
 nutre sua fé, está presente como mãe da comunidade.

(7) Alegria de Pentecostes: O mesmo Espírito de Deus, 
que fecundou Maria e acompanhou Jesus, agora fecunda
 a comunidade cristã. Cria a comunhão na diversidade, 
reúne o novo Povo de Deus para além das fronteiras
 do judaísmo. 
Maria, que junto com outras mulheres e os familiares
 de Jesus, esteve em oração com os onze discípulos, 
acompanha a comunidade de forma discreta. 
É o tempo da história! A alegria de Maria e dos outras
 seguidores de Jesus se transforma na nossa alegria.

Ao percorrer as sete alegrias de Maria, cada cristão se reconhece nelas. Nossa vida de fé está marcada por estes sinais de Deus que nos consolam, nos fortalecem e nos estimulam. Com Maria, cantamos alegres: “O Senhor fez em nós maravilhas,
 Santo é o seu nome”.




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