terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

NOSSA SENHORA DE GUADALUPE







Dez anos depois da tomada da Cidade do México,

 a guerra chegou ao fim e houve uma paz entre os povos. 
Desta maneira começou a brotar a fé, o conhecimento 
do Deus Verdadeiro, por quem nós vivemos. 
Neste tempo, no ano de mil quinhentos e trinta e um, nos primeiros dias do mês de dezembro, aconteceu que
 havia um pobre índio, chamado Juan Diego, inicialmente conhecido pelo nome nativo de Cuautitlan. 
No que diz respeito às coisas espirituais, 
ele pertencia ao Tlatilolco.

Era sábado de madrugada, pouco antes do amanhecer,
 ele estava em seu caminho, a seguir, seu culto divino e empenhado em sua tarefa. Ao chegar no topo da montanha, conhecida como Tepeyacac, o dia amanhecia e ele ouviu
 cantos acima da montanha, assemelhando-se a cantos de
 vários lindos pássaros. De vez em quando, as vozes cessavam 
e parecia que o monte lhes respondia. O som, muito suave e deleitoso, sobre passava do "coyoltototl" e do "tzinizcan"
 e de outros pássaros lindos que cantam. Juan Diego parou, olhou e disse para si mesmo: 

“Porventura, sou digno do que ouço? Será um sonho?
 Estou dormindo em pé? Onde estou? Será que estou agora
 em um paraíso terrestre de que os mais velhos nos falam a respeito? Ou quem sabe estou no céu?”. 

Ele estava olhando para o oriente, acima da montanha, 
de onde vinha o precioso canto celestial e então de repente 
houve um silêncio. Então, ouviu uma voz por cima da
 montanha dizendo:
“Juanito, Juan Dieguito.”
Ele, com coragem, foi onde o estavam chamando. 
Não teve o mínimo de medo, pelo contrário, encorajou-se
 e subiu a montanha para ver. Quando alcançou o topo,
 viu uma Senhora, que estava parada e disse-lhe 
para se aproximar. 

Em Sua presença, ele maravilhou-se pela Sua grandeza 
sobre humana. Seu vestido era radiante como o sol, 
o penhasco onde estavam Seus pés, penetrado com o brilho, assemelhava-se a uma pulseira de pedras preciosas 
e a terra cintilava como o arco-íris. 
As "mezquites", "nopales", e outras ervas daninhas que 
ali estavam, pareciam como esmeraldas, sua folhagem 
como turquesas e seus ramos e espinhos 
brilhavam como ouro. 
Ele inclinou-se diante Dela e ouviu Sua palavra,
 suave e cortês, como alguém que encanta e cativa muito
. Ela disse-lhe:
”Juanito, o mais humilde dos meus filhos,
 onde estás indo?“ 
Ele respondeu: 
“Minha Senhora e Menina, eu tenho que chegar à Sua
 igreja no México, Tlatilolco, para seguir as coisas divinas, 
que nos dão e ensinam nossos sacerdotes, delegados 
de Nosso Senhor”. 
Ela então lhe disse: 
”Sabe e entende, tu é o mais humilde dos meus filhos.
 Eu sou a Sempre Virgem Maria, Mãe do Deus Vivo por 
quem nós vivemos, do Criador de todas as coisas, 
Senhor do 
  Eu desejo que um templo seja construído aqui, rapidamente; então, Eu poderei mostrar
 todo o meu amor, compaixão, socorro e proteção, porque 
Eu sou vossa piedosa Mãe e de todos os habitantes desta
 terra
 e de todos os outros que me amam, invocam 
e confiam em mim. 
Ouço todos os vossos lamentos e remédio todas as vossas misérias, aflições e dores. E para realizar o que a minha clemência pretende, vá ao palácio do Bispo do México
 e lhe diga que Eu manifesto o meu grande desejo, 
que aqui neste lugar seja construído um templo para mim. 
Tu dirás exatamente tudo que viste, admiraste e ouviste. 
Tem a certeza que ficarei muito agradecida e te recompensarei. Porque Eu te farei muito feliz e digno da minha recompensa, 
por causa do esforço e fadiga que terás para cumprir o que
 Eu te ordeno e confio. Observa, tu ouviste minha ordem, 
meu humilde filho, vai e coloca todo teu esforço.“
Neste ponto ele inclinou-se diante Dela e disse: 
“Minha Senhora, Eu estou indo cumprir Tua ordem,
 agora me despeço de Ti, Teu humilde servo”.
Logo desceu para cumprir sua tarefa e foi em linha reta
 pela estrada, até a Cidade do México.

Tendo entrado na cidade, sem perder tempo, foi direto
 ao palácio do Bispo, que chegara recentemente e se chamava Frei Juan de Zumarraga, um religioso Franciscano. 
Ao chegar, procurou vê-lo, pediu ao criado para anunciá-lo. Esperou muito tempo. Quando entrou, se ajoelhou 
e disse ao Bispo a mensagem da Nossa Senhora do Céu, 
bem como tudo que havia visto, escutado e admirado. 
Mas, após ouvir toda a conversa, o Bispo incrédulo
 disse-lhe: 
“Volte depois, meu filho e eu lhe ouvirei com muito prazer.
 Eu examinarei tudo e pensarei no motivo pelo qual você veio”. 
Juan Diego saiu triste, porque sua mensagem não se realizou 
de forma alguma. 

Retornou no mesmo dia. Foi diretamente ao topo da montanha, encontrou-se com a Senhora do Céu, que o esperava no
 mesmo lugar, onde tinha aparecido. Vendo-A, 
prostrou-se diante Dela e disse:
“Senhora, a Caçulinha de minhas filhas, minha Menina,
 eu fui onde me mandaste para levar Tua mensagem, como
 me havias instruído. Ele recebeu-me benevolentemente 
e ouviu-me atentamente, mas quando respondeu, pareceu-me
 não acreditar. Ele disse: "Volte depois, meu filho e eu o 
ouvirei com muito prazer. Examinarei o desejo que
 você trouxe, da parte da Senhora". 

Entendo pelo seu modo de falar, que não acredita em mim
 e que seja invenção da minha parte. O Teu desejo de
 construção de um templo neste lugar para Ti. 
E que isso não é Tua ordem. Por isso eu, encarecidamente,
 Te peço, Senhora e minha Criança, que instrua a alguém 
mais importante, bem conhecido, respeitado e estimado,
 para que acreditem. Porque eu não sou ninguém, 
sou um barbantinho, uma escadinha de mão, o fim da
 cauda, uma folha. 

E Tu, minha Criança, a minha filhinha caçula, minha 
Senhora, envias-me a um lugar onde eu nunca estive! 
Por favor, perdoa o grande pesar e aborrecimento causado, minha Senhora e meu Tudo.” 
A Virgem Santíssima respondeu: 
”Escuta, meu filho caçula, deves entender que eu tenho
 vários servos e mensageiros, aos quais Eu posso encarregar
 de levar a mensagem e executarem o meu desejo,
 mas eu quero que tu mesmo o faças. Eu fervorosamente
 imploro, meu caçula, e com severidade: - Eu ordeno que voltes novamente, amanhã, ao Bispo. Tu vais em meu Nome
 e faze saber meu desejo: que ele inicie a construção do
 templo como Eu pedi. E novamente dize que Eu, pessoalmente,
 a Sempre Virgem Maria, Mãe de Deus Vivo, te ordenei.“
Juan Diego respondeu: 
“Senhora, minha Criança, não deixes que eu Te
 cause aflição. Alegremente e de bom grado eu irei cumprir
 Tua ordem. De nenhuma maneira irei falhar e não será 
penoso o caminho. Irei realizar Teu desejo, mas acho que 
não serei ouvido, ou se for, não acreditarão.
 Amanhã ao entardecer, trarei o resultado da Tua mensagem
 com a resposta do Bispo. Descansa neste meio tempo”.
Ele, então, foi para sua casa. 
No dia seguinte, domingo, antes do amanhecer, ele deixou
 sua casa e foi direto ao Tlatilolco, para ser instruído 
em coisas divinas, e em seguida estar presente a tempo,
 para ver o Bispo. Por volta das 10 horas, estando em cima 
da hora, após participar da Missa e o povo ter dispersado,
 ele apressadamente se foi. 
Pontualmente, Juan Diego foi ao palácio do Bispo.
 Mal chegou, ansioso já estava para tentar vê-lo. 
E novamente com muita dificuldade, o Bispo estava 
à sua frente.
Ajoelhou-se diante de seus pés, entristecidamente 
e chorando, expôs a ordem de Nossa Senhora do Céu e que, por Deus, acreditasse em sua mensagem, de que o desejo da Imaculada de erguer um templo onde Ela queria,
 fosse realizado.
O Bispo para assegurar-se, fez várias perguntas, onde ele
 A tinha visto e como Ela era. E ele descreveu perfeitamente
] em detalhes ao Bispo. Apesar da precisa descrição de Sua imagem, e tudo que ele tinha visto e admirado, 
que em tudo refletia ser a Sempre Virgem Santíssima Mãe 
do Salvador, Nosso Senhor Jesus Cristo, o Bispo não deu 
crédito e disse que somente pela sua súplica, não atenderia
 o seu pedido, que aliás, um sinal era necessário; só então acreditaria, ser ele enviado pela verdadeira Senhora do Céu. 
Após ouvir o Bispo, disse Juan Diego: 
“Meu senhor, escuta! Qual deve ser o sinal que o senhor
 quer? Para eu pedir a Senhora do Céu que me enviou aqui”. 
O Bispo, vendo que ele ratificava tudo sem duvidar, 
nem retratar nada, o despediu. Imediatamente, ordenou
 algumas pessoas de sua casa, e de inteira confiança,
 para segui-lo e olhar onde ele ia, a quem ele via e falava.
 E assim foi feito. 
Juan Diego veio direto pela estrada. Aqueles que o seguiam, 
após cruzarem o barranco perto da ponte do Tepeyacac, perderam-no de vista. Eles procuraram por todos os lugares, 
mas não puderam mais vê-lo. Retornaram com muita raiva,
 não somente porque estavam aborrecidos, mas também por ficarem impedidos do objetivo. E o que eles informaram ao
 Bispo, o influenciou a não acreditar em Juan Diego. 
Eles lhe disseram que foi enganado. 
Juan Diego apenas forjou o que veio dizer, e a sua mensagem
 e pedido não passava simplesmente de um sonho. Eles então arquitetaram um plano, que se ele de alguma forma voltasse, 
eles o prenderiam e o puniriam com severidade e de tal forma 
que ele jamais mentiria ou enganaria novamente. 
Entretanto, Juan Diego estava com a Virgem Santíssima, contando-lhe a resposta que trazia do senhor Bispo. 
A Senhora, após ouvir, disse-lhe:
”Muito bem, meu querido filhinho, retornarás aqui amanhã, então levarás ao Bispo o sinal por ele pedido. Com isso ele
 irá acreditar em ti, e a este respeito, ele não mais duvidará 
nem desconfiará de ti. E sabe, meu querido filhinho, 
Eu te recompensarei pelo teu cuidado, esforço e fadiga 
gastos
 em Meu favor. Vai agora. Espero por ti aqui amanhã.”
No outro dia, segunda-feira, quando Juan Diego teria que
 levar um sinal pelo qual então acreditariam, ele não pôde
 ir porque, ao chegar em casa, seu tio chamado Juan 

Bernardino, estava doente e em estado grave.
Primeiro foi chamar um médico que o auxiliou, mas era tarde,
 e o estado de seu tio era muito grave. Por toda a noite seu tio pediu que, ao amanhecer, ele fosse ao Tlatilolco e chamasse
 um sacerdote, para prepará-lo e ouvi-lo em confissão, 
porque certamente sua hora havia chegado, pois não
 mais levantaria ou melhoraria de sua enfermidade. 
Na terça-feira, antes do amanhecer, Juan Diego ia de sua casa 
ao Tlatilolco, para chamar o sacerdote, e ao aproximar-se
 da estrada que liga a ladeira ao topo do Tepeyacac, em 
direção ao oeste onde estava acostumado a passar, disse: 
“Se eu seguir adiante, a Senhora estará esperando-me, e eu
 terei que parar e levar o sinal ao Bispo, como pressuponho. 
primeira coisa que devemos fazer apressadamente, é chamar
 o sacerdote, porque meu pobre tio certamente o espera.
” Então, contornou a montanha, deu várias voltas, de forma
 que não poderia ser visto por Ela, que pode ver todos os lugares. Mas, ele A viu descer do topo da montanha e estava olhando na direção onde eles anteriormente se encontraram. 
Ela aproximou-se dele pelo outro lado da montanha e disse:
”O que há, meu caçula? Onde você esta indo?”
Ele estava afligido, envergonhado, ou assustado?
 Ele inclinou-se diante dela e A saudou dizendo: 
“Minha Criança, a mais meiga de minhas filhas, senhora, 
Deus permita que estejas contente. Como estás nesta manhã? Estás bem de saúde? Senhora e minha Criança. 
Vou te causar um pesar. Sabe, minha Criança, um de Teus
 servos está muito doente, meu tio. Ele contraiu uma peste, 
e está perto de morrer. Eu estou indo depressa à Tua casa,
 no México, para chamar um de Teus sacerdotes, querido pelo Nosso Senhor, para ouvir sua confissão e absolvê-lo, 
porque desde que nós nascemos, aguardamos o trabalho de 
nossa morte. De forma que, se eu for, retornarei aqui 
brevemente. Então levarei Tua mensagem. Senhora e minha Criança perdoa-me, sê paciente comigo. Eu não Te enganarei, minha Caçula. Amanhã eu voltarei o mais rápido possível.” 
Depois de ouvir toda a conversa de Juan Diego, a Santíssima Virgem respondeu: 
”Escuta-Me e entende bem, meu caçula, nada deve te 
amedrontar ou te afligir. Não deixes teu coração perturbado.
 Não temas esta ou qualquer outra enfermidade, ou angústia. 
Eu não estou aqui? Quem é tua Mãe? Não estás debaixo de minha proteção? Eu não sou tua saúde? Não estás feliz com o meu abraço? O que mais podes querer? Não temas nem te perturbes com qualquer outra coisa. Não te aflijas por esta enfermidade de teu tio, por causa disso, ele não morrerá agora. Tem a certeza de que ele já está curado.
E então, seu tio foi curado, como mais tarde se soube.

Quando Juan Diego ouviu estas palavras da Senhora do Céu, ele ficou enormemente consolado. Estava feliz. Prometeu que, quanto antes, estaria na presença do Bispo, para levar o sinal ou prova, a fim de que cresse. A Senhora do Céu ordenou que subisse ao topo da montanha, onde eles anteriormente haviam se encontrado. Ela lhe disse: 
”Sobe, meu caçula, ao topo da montanha; lá onde Me viste e te dei a ordem, encontrarás diferentes flores. Corta-as, junta-as, então volta aqui e traze-as em minha presença.»
Imediatamente Juan Diego subiu a montanha, e quando atingiu o topo, ele espantou-se pela variedade de esquisitas rosas de Castilha que haviam brotado bem antes do tempo, porque, estando fora da época, deveriam estar congeladas. Elas estavam muito fragrantes e cobertas com o orvalho da noite, assemelhando-se a pérolas preciosas. 
Imediatamente ele começou a cortá-las. Recolheu todas e colocou-as em seu tilma. O topo da montanha era um lugar impossível de nascer qualquer tipo de flor, porque havia vários penhascos, cardos, espinhos e ervas daninhas.
Ocasionalmente as ervas cresceriam, mas era mês de dezembro, na qual toda vegetação é destruída pelo frio. Ele voltou imediatamente e entregou as diferentes rosas que havia cortado para a Senhora do Céu, que ao vê-las, tocou-as com suas mãos e de novo colocou-as de volta no tilma, dizendo:
”Meu caçula, esta variedade de rosas é a prova e sinal que levarás ao Bispo. Tu irás dizer em meu nome que nelas ele verá o meu desejo e que deverá realizá-lo. Tu és meu embaixador, muito digno de confiança. Rigorosamente eu ordeno que apenas diante da presença do Bispo desenroles o manto e descubras o que estás carregando. Tu contarás tudo direito. Que Eu te ordenei a subir ao topo da montanha, e cortar estas flores, e tudo que viste e admiraste, então, tu podes induzir ao Bispo dar a sua ajuda, com o objetivo de que um templo seja construído e erguido como Eu tenho pedido.“
Depois que a Senhora do Céu deu seu aviso, ele se pôs a 

caminho pela estrada que dava diretamente ao México. 
Estava feliz e seguro de seu sucesso, carregando com grande carinho e cuidado o que continha dentro de seu tilma. 
De tal forma que nada poderia escapar de suas mãos, a não 
ser a maravilhosa fragrância das variadas e belas flores. 

No palácio do Bispo, os serventes tentaram ver o que Juan

 Diego carregava. Com cuidado, ele descobriu o manto que escondia e eles puderam ver algumas flores; ao verem que

 eram rosas fora de época, ficaram impressionados, ainda 
mais por verem-nas frescas, tão fragrantes e belas. 
Estenderam a mão 
para as rosas, mas, ao tentar pegá-las, 

elas pareciam pintadas 

ou estampadas ou costuradas no tecido. Ao relatarem esse fato 

ao Bispo, ele compreendeu que Juan Diego carregava a prova desejada.
Ao ser admitido na presença do Bispo, Juan Diego contou o 
que havia visto e feito, renovando a mensagem de Nossa 
Senhora que pedia a construção de uma igreja no monte das aparições. Então, desdobrou seu manto, onde estavam as rosas; quando elas caíram ao chão, apareceu subitamente o desenho
 da preciosa imagem de Nossa Senhora, como ela é vista até
 hoje no templo de Tepeyacac, chamada Nossa Senhora
 de Guadalupe.



Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe - México.
                  



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