domingo, 22 de fevereiro de 2015

NOSSA SENHORA DO BOM SUCESSO





Francisco del Castilho estava atônito. Viera dar a última
 demão à imagem que esculpira e não só a encontrara 
terminada, mas transformada até nos entalhes.
"Madres! esta imagem não é obra minha, mas angélica", exclamou tomado de temor reverencial.
Madre Mariana de Jesus Torres e suas monjas sabiam 
que isto era verdade. A imagem de Nossa Senhora do Bom Sucesso, que o hábil escultor iniciara, fora milagrosamente terminada por Anjos que entoavam o hino Salve Sancta
 Parens, ouvido por toda a Comunidade...

Não era a primeira vez que Mariana de Jesus Torres 
y Berriochoa, uma das sete espanholas fundadoras do
 Monasterio Real de la Limpia Concepción, em Quito, 
deparava-se com um fato dessa natureza.
Sua vida, desde os 13 anos de idade, não tinha sido senão 
um contacto contínuo com o sobrenatural.

As aparições de Nosso Senhor, de Sua Santa Mãe, de Santos
 e de demônios, eram-lhe freqüentes.
 A essa filha de Santa Beatriz Silva foi desvendado o
 futuro como a poucos. E as revelações que lhe foram
 feitas, sobretudo as concernentes aos nossos dias, 
impressionam pela precisão, riqueza de detalhes e
 semelhança com as de Fátima.

"Sou Maria do Bom Sucesso, Rainha do Céu e da Terra"

Foi a 2 de fevereiro de 1594 que a Santíssima Virgem 
apareceu pela primeira vez à então Priora das Concepcionistas
 na capital equatoriana. Comemora-se, pois, a 2 de fevereiro 
a festa litúrgica dessa admirável invocação mariana.
Catolicismo já se ocupou dela mais de uma vez, especialmente
 em sua edição de fevereiro de 1996.
 Entretanto, nunca o fez com a amplitude e a profundidade
 com que apresenta agora o mesmo tema, de tanta 
transcendência para a compreensão de nossos conturbados
 dias, que presenciarão os acontecimentos desse fim de
 século e de milênio.
Madre Mariana, com a fronte em terra, com lágrimas e 
suspiros, suplicava à Divina Majestade remédio para os 
muitos males que afligiam aquela colônia e seu convento.

Ouviu então uma voz celestial que a chamava pelo nome. 
Viu à sua frente Nossa Senhora refulgindo em meio a
 imensa claridade. Trazia o Menino Jesus no braço esquerdo,
 e um báculo de ouro na mão direita.

-- "Sou Maria do Bom Sucesso, Rainha dos Céus e da Terra", declarou-lhe a Mãe de Deus. "Tuas orações, lágrimas e penitências são muito agradáveis a nosso Pai celestial.
 Quero que fortaleças teu coração e que o sofrimento não te abata. Tua vida será longa para glória de Deus e de sua Mãe,
 que te fala. Meu Filho Santíssimo te presenteia com a dor em todas as suas formas. E, para infundir-te o valor que
 necessitas, toma-O de meus braços nos teus".
Ao tomar o Menino Jesus nos braços, sentiu um desejo
 maior de sofrer e de se consumir como vítima para
 aplacar a Justiça Divina, se possível, até o fim do mundo.

Na seguinte aparição, em 16 de janeiro de 1599, Nossa 
Senhora deu-lhe conhecimento de vários fatos futuros. 
E declarou a Madre Mariana de Jesus:

"É vontade de meu Filho Santíssimo que tu mandes
 executar uma estátua minha tal qual me vês, e a coloques 
sobre a cátedra da Priora para que daí governe meu Mosteiro. Que os mortais entendam que Eu sou poderosa 
para aplacar a Justiça Divina e alcançar piedade e perdão
 a toda alma pecadora que a mim recorra com
 coração contrito. Porque eu sou a Mãe de Misericórdia,
 e em mim não há senão bondade e amor".

Durante os anos seguintes, Madre Mariana sofreu um 
terrível calvário e foi só a 5 de fevereiro de 1610
 que o escultor foi chamado.

Francisco del Castilho, espanhol de nobre linhagem,
 vivia santamente em Quito com a esposa e três filhos. 
Recebeu a encomenda como uma graça do Céu. 
E a 9 de janeiro seguinte declarou que a imagem estava praticamente pronta.

Faltava a última demão de pintura. Ele iria procurar
 as melhores tintas existentes na Colônia, 
e voltaria no dia 16 para concluir o trabalho.

São Francisco e os três Arcanjos refazem a Imagem
 inacabada

Na madrugada desse dia, quando as religiosas se dirigiram
 ao Coro para rezar o Ofício, encontraram-no todo iluminado
 por luz sobrenatural, e ouviram vozes angélicas que 
cantavam o "Salve Sancta Parens".

Da Imagem inacabada saíam raios vivíssimos. A pintura-base aplicada por Del Castilho caía ao solo junto com aparas de madeira, os traços da Imagem tornavam-se mais suaves
 e sua fisionomia mais celeste. Mas somente Madre Mariana
 via que, como pedira, São Francisco e os três Arcanjos 
refaziam a Imagem.

Francisco del Castilho não se limitou a dizer que a Imagem
 não era obra sua, mas de Anjos. Lavrou um documento
 no qual repetia tal afirmação sob juramento, declarando 
ainda que a encontrara terminada de maneira diferente da 
que deixara. Entregou o documento às religiosas para
 perpetuar a prova do milagre.

Madre Mariana contou pessoalmente os detalhes do ocorrido
 ao Bispo de Quito. E acrescentou algo que nos diz muito respeito: o sucedido, bem como sua vida, só seriam revelados 
no século XX, por causa da "muita decadência da fé" (II, 41) e do papel que deveria ter então essa invocação de Nossa Senhora do Bom Sucesso.

-- "É vontade de Deus reservar esta invocação e tua vida", dissera-lhe Nossa Senhora em outra ocasião, "para aquele século, quando a corrupção de costumes será quase geral
 e a luz preciosa da Fé estará quase extinta" (II, 193) (2).

E, em uma aparição de Nossa Senhora a 8 de dezembro de
 1634, a Rainha do Céu e da Terra assim profetizou a Madre Mariana: "O meu culto sob a consoladora invocação do Bom Sucesso .... será a sustentação e salvaguarda da Fé na quase
 total corrupção do século XX" (II, 190).



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